segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A dengue nossa de cada dia

Aedes aegypti


Certa vez, em dezembro de 2003, participei de uma festa de fim de ano da faculdade de medicina tropical da Universidade de Liverpool, na Inglaterra. Só estive lá graças a uma amiga que cursava mestrado no local.

Como éramos poucos, tive a chance de conversar com todo mundo (também pudera). Em uma contagem rápida concluí que a maioria dos alunos era de africanos. Desses, ao primeiro contato, diria serem pessoas simples. Mas, aos poucos, descobria-se veterinários, médicos, profissionais de saúde renomados em seus países.

Conversa vai, conversa vem, cada um falava um pouco de sua terra natal. Na minha vez, Ribeirão Preto longíqua, precisei apontar no mapa para assimilarem sobre onde falava. Na parede da sala principal havia um mapa mundial em grandíssimas dimensões (2,5mX2m talvez - meu sonho de consumo). Enquanto eu deslocava meu dedo pelo mapa rumo ao "orgulho de São Paulo e do Brasil" meus interlocutores iam abrindo a boca com cara de espanto. Antes mesmo d'eu ler Ribeirão Preto no mapa (que estava lá com todas as letras, exceto pelo til) lia-se num post-it didático: Aedes aegypti. A assimilação foi instantânea. Tanto para eles quanto para mim...
Em 2003 já estávamos cansados das estatísticas como as divulgadas pela Vigilância Epidemiológica diariamente desde a retomada das chuvas esse ano. E, como se não bastasse, essa semana, minha família também faz parte dos infectados pela dengue. Cansados e doentes numa cidade potência como essa!
Todos nós, população e poder público, somos culpados por essa situação. O povo por não se empenhar a destruir os criadouros. O Executivo, apesar do que faz na nossa cidade contra o Aedes, não investe de fato na Educação a longo prazo para criar novas consciências que se mobilizem a esvaziar o pneu do quintal.

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