Abro o espaço da Info Compartilhada para receber o artigo da colega Analice Martins (foto), paulistana, graduada em Relações Internacionais, também moradora de Paris. Ela fala de um tema de que esse blog gosta: o Brasil visto pelos estrangeiros. Além disso, deixa implícita a sua simpatia pelo governo Lula. Seja bem vinda, Analice.
ANALICE NOGUEIRA MARTINS*
“O Brasil está na moda”, afirmou o presidente do Banco Santander, Emílio Botín, a Lula em novembro do ano passado. Em alguns pontos, o Brasil sempre esteve na moda. Comecemos pelo Carnaval. Com o apogeu das marchinhas no Rio de Janeiro na década de 20 e da dança da mulata sensual, o Carnaval passou a ser automaticamente associado ao Brasil. O rei Pelé nos trouxe a fama de “país do futebol”.
“Carnaval, mulher bonita e futebol”, disse uma colega de classe durante meu exposé sobre o Brasil no curso de Língua e Civilização Francesa da Sorbonne. Em minha breve exposição, com a ajuda de um mapa-mundi, busquei apresentar os principais pontos do país, assim como outros colegas haviam feito sobre os seus países. Além da santíssima trindade brasileira, nossa cordialidade também foi apontada: “Vocês são tidos como um povo muito amável e receptivo”, alguém acrescentou.
Somos (ou pretendemos ser) “amigos de todo mundo”, disse Lula, em referência a visita que fará ao Irã no próximo mês.
Outro colega se disse abismado com o fato de o Brasil, um país de dimensões continentais, ter logrado manter unificado seu território. Também o geógrafo e geopolítico francês Yves Lacoste, em seu livro “Géopolitique: la longue histoire d’aujourd’hui” (Paris, Larousse,2006), afirma ser impressionante a unidade nacional a despeito da enorme diferença social do país, sobretudo entre o norte pobre e o sul mais rico. Como possível justificativa, Lacoste aponta que: “Talvez porque todos os brasileiros do norte ao sul, pobres ou ricos, falem a mesma língua.” [1] Contudo, como sabemos, o castelhano também foi língua comum na América Hispânica, o que não impediu sua fragmentação em vinte Estados independentes. Diante disse, Lacoste lança sua segunda justificativa: “Poderíamos dizer também que os brasileiros, porque seu país é imenso, estão convencidos de que ele será um dia uma grande potência.” [2]
Cabe a questão se tal anseio é de origem interna ou externa. A ideia de “Brasil Potência” nos teria sido imposta pelos demais países ou verdadeiramente desenvolvida no imaginário do povo brasileiro? A procedência dessa afirmação é desconhecida, contudo é visível o seu consentimento dentro e fora do país. Mostramos que além de samba no pé, futebol e mulher bonita também sabemos fazer política. O FMI prevê um crescimento de 5,5% na nossa economia em 2010 e crise financeira de 2008 para nós foi realmente uma mera “marolinha”.
O Brasil cresce, o mundo nos valoriza e assim também passamos a nos valorizar. Estamos na moda!